Vê-se no espelho da alma
a imagem cansada
da vida já vivida,
perdida,
às vezes encontrada
nas pétalas de uma flor,
num amor,
num devaneio
na chuva que cai,
desamparada,
sobre a terra
que a acolhe no seu seio
morto de sede !
E esse olhar distante
que verte a tristeza
recolhida além daquele espelho,
reflecte o rosto velho
- ficou assim num instante –
de quem gastou a vida
esquecido da arte
de viver …
No abandono,
a solidão;
memórias: talvez sim!
Ou talvez não!
Apenas só um corpo
sem força,
já sem garra
para aproveitar a uva
e afastar a parra
da vinha vindimada do seu ser …
Foi-se o mosto,
o vinho preparado
pelo gosto….
Os olhos apagados,
mudos, cegos,
sentem a falta de apegos;
vivem já na sala ao lado
da vida…
... para morrer!
Elvira Almeida
Sem comentários:
Enviar um comentário