sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dois amores

Se a tua boca é flor
que escorre mel
e beijo com a volúpia
de quem pinta a vida
num painel,
aceito, por prazer,
vindo do céu
aquele bocado do teu "eu"
que me acendeu
e me prendeu
ao vento, com um cordel…
...vou presa a ele,
aonde ele quiser!

Mas o vento se desfez..
duma única e só vez
caíram dele lágrimas de estrela
sobre a minha branca tez,
desvendando de mim
dois tipos de mulher:
…a adulta, mulher corpo maduro;
…e outro, o sentir duma donzela…

Perdida na angústia,
entre flores,
pergunto-te:
“Qual queres destes dois amores?
Ficas comigo ou vais com ela?”

E o tal bocado teu,
feito homem inteiro,
me apagou com seu fogo,
me sorveu o ar que me salvou,
sem se perturbar,
me respondeu:

“Quero-te completa, é o que procuro:
quero o corpo adulto,
magia de prazer…
na frescura ingénua que tens dela”!

Elvira Almeida

1 comentário:

  1. Autenticidade, beleza e força que imprime ás palavras,emoções e sentimentos!
    O confronto que faz quando existem dois amores e, a escolha do verdadeiro.....
    Um belo retrato da vida real!
    Agradeça a Deus, o dom que lhe deu!
    Parabéns Elvira!
    Gostei muito!
    Um abraço
    Jú Gonçalves

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